Por que o cerne de teca resiste ao tempo e o alburno ou brancal da teca não?
O crescimento do tronco de uma árvore, em diâmetro, se dá logo abaixo da casca, num tecido denominado câmbio. As células do câmbio dividem-se seguidamente, formando, a cada vez, uma camada externa, que passa a compor a casca, e outra interna, que passa a formar o lenho.
A casca não só protege o tronco, mas, em suas camadas mais internas, isto é, próximas ao câmbio, conduz a seiva elaborada, produzida nas folhas e rica em açúcares e proteínas, às demais partes da árvore (raízes, brotos, flores, frutos, etc.).
Já as camadas apostas ao lenho têm, inicialmente, função de conduzir a seiva bruta, ou seja, a água e os nutrientes absorvidos ou interceptados pelas raízes, às folhas. O conjunto das camadas externas do lenho, habitualmente de coloração mais clara, é denominado alburno ou brancal.
Com o passar do tempo novas camadas são apostas ao lenho e assumem a condução da seiva. As camadas mais internas, por sua vez, passam a receber depósitos de lignina e de outras substâncias que aumentam a resistência mecânica e biológica de suas células, bem como alteram sua coloração. O conjunto destas camadas assim modificadas é denominado "cerne".
O processo da transformação do alburno em cerne, considerando uma árvore de teca em boas condições de crescimento, leva de cinco a seis anos. Daí a necessidade de se ter ciclos longos de crescimento para a produção de madeira de cerne.
Nas florestas naturais, onde a competição entre as árvores é grande, a teca necessita 200 anos, ou mais, para alcançar dimensões consideradas comerciais.
Nas plantações tradicionais do Sudeste Asiático, este prazo, conhecido por rotação, varia de 60 a 120 anos.
Nas plantações da Cáceres Florestal, por conta dos solos de boa qualidade e, especialmente do manejo intensivo, foi possível reduzir tal prazo para apenas 30 anos.
Este é o prazo que a empresa entendeu gerar o melhor custo/benefício na produção de peças maiores de madeira de qualidade. Estudos desenvolvidos em plantações de teca da Nigéria mostram que ciclos menores tendem a produzir madeira de menor densidade e de resistência e durabilidade inferiores.
O cerne da teca é procurado e valorizado por sua elevada resistência aos fungos e insetos, inclusive cupins, sendo mais utilizado em obras externas, expostas ao tempo, como é o caso do convés de embarcações, pisos (deck para piscina) e móveis para jardim.
O alburno ou brancal, embora igualmente estável, fácil de trabalhar e de bom acabamento, não é resistente aos fungos e insetos, devendo ter sua utilização limitada às obras interiores, como é o caso de móveis, lambris e até mesmo em pisos.
